Histórico da Santa Casa de Caridade de Bagé
No ano de 1870, Dr. Azevedo Penna, Dr. Albano de Souza e o farmacêutico Cap. Serafim dos Santos Souza, fundaram o primeiro Hospital de Caridade de Bagé, na Rua Santa Bárbara nº 70 em prédio dos herdeiros de Rogério da Rosa Garcia.
O hospital proporcionava assistência aos necessitados e chegou a possuir vinte leitos, mas em pouco tempo, dado o crescimento da população, se fez necessário construir um hospital maior.
Em 1873, José Facundo da Silva Tavares doou quinze terrenos, onde foi então construído o novo hospital e o Visconde de Serro Alegre (pai de José Facundo) contribuiu com uma elevada quantia.
Em 25 de março de 1883, foi festivamente inaugurada a Santa Casa de Caridade e Bagé, e a sua história iniciou com um gesto de amor e um nobre sentimento de filantropia de homens que há mais de 100 anos compreendiam o que é “caridade” e como realmente praticá-la.
No pórtico de entrada existe uma placa de mármore com a seguinte inscrição de “Construído com o legado do Visconde de Serro Largo e donativos de outros fiéis (1874)”.
No discurso de inauguração foram ditas as seguintes palavras:
“… A caridade é a sublime virtude que Jesus legou a humanidade. Estender a mão ao próximo é o ato mais simples que todos nós temos condições de realizar. A Santa Casa de Caridade de Bagé, inaugurada neste 25 de março de 1883 destina-se a socorrer os enfermos pobres, sem distinção de nacionalidade ou crenças, dando-lhes o necessário tratamento no hospital, proporcionando-lhes consulta à porta aos que não tem necessidade de internação hospitalar e fornecendo gratuitamente medicamentos aos que necessitem.”
Teve como primeiro provedor o Cônego João Inácio de Bittencourt que sempre teve atenção voltada para a Santa Casa e, deve-se assinalar, que em todo 25 de março ele promovia a “Festa da Caridade” para, além de comemorar a data, recolher donativos do povo e entidades para auxílio à Santa Casa.
No novo hospital, prestou importantes serviços à comunidade, Preto Caxias – Maximiano Domingos do Espírito Santo – chegou em Bagé, aos 36 anos de idade, fazendo parte do 8º Batalhão de Fuzileiros. Era filho de escravos, oriundo de Angola, natural do Rio de Janeiro. Preto Caxias em 1847, obtendo baixa do exército, ficou residindo em Bagé. Desempenhou as funções de enfermeiro no Hospital de Caridade, depois na Santa Casa de Caridade onde era zelador, enfermeiro e transportador de doentes. Preto Caxias, foi um bom, um justo, um nobre! Faleceu em 1º de julho de 1888, na Santa Casa de Caridade, na qual praticou inúmeras ações de beneficência. No Cemitério de Bagé, muitas são as pessoas que visitam seu túmulo, onde se lê a inscrição: HUMANITÁRIO PRETO CAXIAS.
Continuando a história da Santa Casa, em 28 de julho de 1906, desembarcaram em Bagé três irmãs da Irmandade do Santíssimo Sacramento, que assumiram a parte de enfermagem e administração da Santa Casa. Logo que chegaram, organizaram e ampliaram o hospital, construindo a lavanderia, o necrotério e a capela. Continuando as melhorias, em 1908, completou-se a construção do Pavilhão de Tuberculosos.
Em 26 de março de 1916, uma grande festa inaugurou o 2º Piso da Santa Casa. Neste pavimento havia uma “sala de operação” e uma “sala de esterilização”, e ao lado, 13 quartos de 1ª classe com Sala de espera e “Celas para doentes pobres operados”. O hospital era mantido or caridade da população de Bagé e alguma ajuda do governo. A chácara que rodeava o hospital fornecia frutas, verduras, leite (havia 5 vacas, porcos e galinhas) para manter a alimentação dos pacientes.
Em 1922, a antiga capela foi demolida dando lugar a atual, inaugurada em 1925.
Fontes:
– Jornal Minuano
– História de Bagé do Século Passado (Harry Rotermund)
– Bagé no Caminho da História do RGS (Elizabeth Macedo Fagundes)
– Informativo da Biblioteca Pública Municipal
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